quarta-feira, 10 de julho de 2013

Cabriolet



Ocupo-me carinhosamente de você
e para dissipar o descontentamento dos anjos
não me atrevo sequer tocar em outras flores.

Camélias deitam ao pé da sua cama
e andorinhas postam-se à janela da sua cozinha.

No domingo à missa das dez vou com você
ao altar com seu vestido preto
rezar à Nossa Senhora lhe arrume um marido
que se case pelo menos uma vez
para que tamanho desgosto seja reparado.

Mas, ó minha filha,
você que estudou o ABC do amor
que em nudez maliciosa
debruçou-se na varanda a perguntar
o senhor tem fósforos?
apressa-se e ajoelha-se
porque já está pronto o seu cabriolet.


Acreis, 10/07/2013, Sta Cruz/RJ

Para Gianini, no seu aniversário.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Epopeia



O poeta mostra o pinto
para a namorada
e proclama:
- Eis o reino animal!
Pupilas fascinadas
fazem jejum.


Acreis, 28/04/2005 - RJ

É Para Mim o Teu Sorriso?

É para mim o teu sorriso?
Tua boca escandinava retém o único amor.
Justamente aquele. Não há mais justa forma,
Nem teorema explicativo:
Há somente o som da tua mente
Na parede esquálida do meu sentimento.
Te amar? Te amo!
Guardo todo o meu tesouro puro,
Que é a sensação,
Para descortinar na virgem aurora do peito meu
A cálida lembrança.
Estou pensanso em morrer. Sério.
Mas antes de tudo dançaremos um tango argentino.´
Evoé Baco!

Acreis, 12/05/2005 - RJ

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Bagagem



Levo em minha bagagem
somente lembranças:
do teu sorriso, do teu corpo,
da tua alma.

Minha bagagem
é um embrulho pequeno,
mal amarrado,
com o meu coração inconformado
por ir sozinho.

Levo nas mãos o espinho
com que furastes
meus olhos...

Toda minha ilusão
eu deixei na gaveta.
Minha caneta
jamais escreveu
teu último poema.

Por isso, faças com ela
uma carta,
com o teu pedido,
arrependido,
para eu voltar.

Acreis, 09/12/2006 -RJ

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Iolanda Minha



Suas mãos têm hélices,
tempestade e bússula.
Seus pés guardam navios
que se emparelham
com o horizonte.

Seus olhos têm peixes;
a sua boca, recifes de corais.
Seus ouvidos têm noites,
pólos e lamentos de ondas.

Ah, Iolanda minha,
a sua vida é muito marítima!


Acreis, 25/05/2005
Pedra de Guaratiba/RJ

A Menina e o Sol


O sol na rua ainda é jovem
e está deitado
sobre uma nuvem.
Recolho a tristeza
da menina que chora
com os olhos pregados
no horizonte...
Sobre ela chovem os anos
e ainda continua donzela.
Ela já andou nas estrelas
sem sequer sentir fome.
A menina - sem pai, sem mãe
nem marido - a menina é cada
flor, cada pássaro
com uma grande
vontade de viver.

Acreis, 17/06/2005
Pedra de Guaratiba/RJ
(P/Iolanda)

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