segunda-feira, 27 de maio de 2013
Depois Que o Meu Amor Dorme
Depois que o meu amor dorme, eu deito.
Despido-me lentamente.
Despeço-me do dia alegremente.
Tudo é incrível no meu leito.
Quero falar-lhe no ouvido
Que estou nu, alegre...
Que nossa noite não será, duvido,
Nada breve.
Que iremos brincar de esconde-esconde,
De coça-coça, bumba-meu-boi...
O sol se esconderá não sei aonde
- P'ra onde será que ele foi?
Virá enfim o sono,
- Presente divino de quem ama -
E você dira: Não sei como
O mundo aconteceu em nossa cama!
Acreis, 26/05/2013, Sta Cruz/RJ
Para Iolanda (chez moi)
A Tarde Cai
A tarde cai com suas luzes lustrosas
E é preciso saber o seu caminho.
Eu sou quem fica sem viver a vida,
Eu que nunca vivi meus pensamentos,
Eu que nunca me vi tão triste.
Meus pecados os vendi para Deus,
Que de tudo sabe, mas que de mim nada
ficou sdabendo.
E por que iria querer saber?
E por que me quereria ouvir?
Vem a noite com seus sortilégios, em um
horizonte negro.
Mas ainda assim é sempre belo falar da noite,
Que tanto me empalidece, porque em mim
tudo é triste,
E porque também é noite em minha vida.
Vivo entre rochedos, espreitando o mar.
E quase não durmo, pela imensidão do mar.
Breve será dia e o sol nascerá das entranhas
do mar.
Vivo agora a antemanhã da minha vida,
Com todos os dentes doendo, com os pés
doendo,
Com a intuição que o mundo está dolorido.
Ah, horas de desasossego!
Ah, crepúsculo outonal!
Ah, todas as minhas vidas!
Acreis, 26/05/2013, Sta Cruz/RJ
(chez moi)
domingo, 26 de maio de 2013
Castelo Antigo
Castelo antigo é o meu quarto,
Onde mora comigo uma donzela.
E ninguém duvide que ela
É donzela, de fato.
Passo o dia a beijá-la, somente.
À noite vigio-lhe o sono.
Não me indaguem, vocês, como
Consigo controlar a minha mente.
Ela vive a vida a suspirar,
Lendo os versos que lhe escrevo.
Não vale à pena ninguém me perguntar
Se devo-não- devo - Por que não me atrevo.
Deitamos numa cama de lençol de linho fino,
Eu a desejo e ela me quer também.
Ao lado dela - da donzela- sou um menino,
E um homem, com dez anos, trinta ou cem.
Acreis, 26/05/2013, Sta Cruz/RJ
Para Iolanda (chez moi)
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Todos Os Dias
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| "Junto com a manhã que acorda o rio..." |
Tu, cuja sombra é mais suave que a antelua;
Tu, a quem vejo vindo para mim com as mãos estendidas;
Tu, que me vês perdido na multidão de imensa angústia;
Tu, que por me amar apareces-me semilouca, seminua...
Vens domar meu coração definitivamente,
Galgar comigo por cima de todas as coisas,
Por cima desse céu chuvoso,
Desse sol que abrasa toda a gente...
Vens, junto com a manhã que acorda o rio;
Vens contar-me todas as tuas crenças,
Deixar-me bêbado com teu hálito de rosas,
Saciar-me a alma de eterno cio...
Outrora minha vida era intuição;
Outrora o movimento das árvores era parado,
Meus fantasmas tão superticiosos,
Meu peito tão sem coração...
Ontem alguém que não existia;
Ontem um jardim desnudo de flores...
Árvores e flores hoje são companheiras
Na presença disfarçada da poesia!
Bendita sejas tu, que me fizestes ser o que sou, o que penso;
Bendita sejas tu, que colocastes sonhos bons em meu sono;
Que me deixas enxergar através dos teus olhos,
Que me plantas no peito esse amor intenso...
Assim fujo contigo todas as noites;
Assim durmo contigo todos os dias;
Assim molho contigo meu travesseiro,
Assim, assim, de saliva, beijos e açoites...
Que Deus te dê em dobro o que pra mim de bom desejas!
Que Deus permita que acordes todos os dias!
Que nunca morra tua esperança!
E que sempre venças tuas pelejas!
Acreis, 24/05/2013, Santa Cruz/RJ
Para Iolanda (chez moi)
terça-feira, 21 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
domingo, 19 de maio de 2013
Louco Amor
Conheci você guria
-Extrema meninice denunciada
Por gestos cômicos-
Pelos olhos.
Seu rosto magríssimo e pálido,
Bem esquisito.
Estudante sem eira nem beira.
Tinha febre e delírios constantes.
Tremia diante de mim
E deixava-me profundamente aflito.
Por nada punha-se a chorar,
Abraçando-me os joelhos.
Eu lhe pedia para esquentar o forno
Enquanto contemplava o rio.
E você vinha a mim
Inundada de sol.
Perseguia-me em minha casa
Feito moça indefesa,
Com propostas vergonhosas.
Você bem sabe que sou suscetível
De me apaixonar.
Quando entrei há pouco em meu quarto
E a vi deitada no tapete,
Olhos cerrados, fingindo dormir,
Pensei comigo: é ela mesmo!
Ficamos uns momentos em silêncio.
Como um fantasma você se levanta,
Vai à sala e retorna, indagando-me:
- Esqueceu de dar corda ao relógio
Da sala de jantar?
Com efeito, sou eu quem há cem anos
Dou corda todas as noites
Ao nosso louco amor.
Acreis, 18/05/2013, Santa Cruz/RJ
P/Iolanda (chez moi)
terça-feira, 14 de maio de 2013
Súbita Pressão
"esquecendo a própria existência.."
Você vem a mim
fraca de gratidão
fecha os olhos e respira fundo
esquecendo a própria existência
com as palmas das mãos em concha
e me diz:
Hoje sou mais paciente
só confio nas coisas que compreendo
minhas lágrimas não se acumulam
mais em meus olhos.
Sou mais paciente comigo
você sabe que eu não deixo nada te machucar
você sabe que eu posso fazer isso.
Nenhuma alma tem uma cicatriz como a minha
nenhum coração amou tanto outro coração
depois que os nossos se estreitaram.
Acreis, 02/09/2011, Sta Cruz/RJ
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