| Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó principes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. |
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Poema em Linha Reta - com Paulo Autran
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Devolva-Me Os Livros
Devolva-me os livros,
minhas roupas e a cruz
de São Benedito.
Quanto à casa,
aparecerá quem a cuide melhor!
As flores, de propósito,
agrupar-se-ão ao redor
das janelas,
e todas elas,
ofegantes e silenciosas,
iram lembrar que um dia
a dama lhes sorriu.
Compreendo bem
o que você pensava
quando me enchia
duma ternura especial.
Compreendo bem
suas atitudes engenhosas
e suas sábias histórias.
Se tivesse mais tempo
acreditaria quando dizia
que me amava.
Se tivesse mais tempo,
denunciaria seu espanto
e sua cólera,
sua terrível expressão
perante seus antepassados.
Quero ouvir somente
seus suspiros,
seus murmuros.
Quero ouvir somente
os seus gritos,
os seus brados,
enquanto estiver caminhando
com a certeza
de não voltar atrás.
Enquanto estiver caminhando
com as asas da alma,
abertas e suspensas,
arrastando-me outra vez
para longe de você.
Acreis, 138/02/2013, Pedra de Guaratiba/RJ
minhas roupas e a cruz
de São Benedito.
Quanto à casa,
aparecerá quem a cuide melhor!
As flores, de propósito,
agrupar-se-ão ao redor
das janelas,
e todas elas,
ofegantes e silenciosas,
iram lembrar que um dia
a dama lhes sorriu.
Compreendo bem
o que você pensava
quando me enchia
duma ternura especial.
Compreendo bem
suas atitudes engenhosas
e suas sábias histórias.
Se tivesse mais tempo
acreditaria quando dizia
que me amava.
Se tivesse mais tempo,
denunciaria seu espanto
e sua cólera,
sua terrível expressão
perante seus antepassados.
Quero ouvir somente
seus suspiros,
seus murmuros.
Quero ouvir somente
os seus gritos,
os seus brados,
enquanto estiver caminhando
com a certeza
de não voltar atrás.
Enquanto estiver caminhando
com as asas da alma,
abertas e suspensas,
arrastando-me outra vez
para longe de você.
Acreis, 138/02/2013, Pedra de Guaratiba/RJ
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Quando Nossas Noites Eram Claras
Quando nossas noites eram claras
olhávamos um ao outro nos olhos
e juntos víamos o céu.
A lua então sorria.
Compreendíamos o que as estrelas
falavam
e o que elas pensavam, em cada piscar.
Nossos corações se enchiam
de uma ternura cideral, tão cideral,
que nos deixava acordados
durante horas e horas, nas noites
em que deitávamos
com as mãos entrelaçadas
e os corpos ardentes de paixão.
Mas chegaram os dias tenebrosos,
com suas nuvens cinzas e espessas,
escondendo o céu e as estrelas,
e até nossos lábios perderam a cor,
e nossos olhos repletos de lágrimas
assistiram ao derradeiro suspirar
de nossas almas.
Acreis, 05/02/2013, Sta Cruz/RJ
Para Iolanda. com amor.
olhávamos um ao outro nos olhos
e juntos víamos o céu.
A lua então sorria.
Compreendíamos o que as estrelas
falavam
e o que elas pensavam, em cada piscar.
Nossos corações se enchiam
de uma ternura cideral, tão cideral,
que nos deixava acordados
durante horas e horas, nas noites
em que deitávamos
com as mãos entrelaçadas
e os corpos ardentes de paixão.
Mas chegaram os dias tenebrosos,
com suas nuvens cinzas e espessas,
escondendo o céu e as estrelas,
e até nossos lábios perderam a cor,
e nossos olhos repletos de lágrimas
assistiram ao derradeiro suspirar
de nossas almas.
Acreis, 05/02/2013, Sta Cruz/RJ
Para Iolanda. com amor.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
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