segunda-feira, 28 de maio de 2012
segunda-feira, 21 de maio de 2012
MOMENTO
Espreito a primavera sozinho em folhas, em olhos, em sorrisos.
A paixão fascinante faz suave o linear das origens.
Meu sangue é romance incomum, que suavemente penetra o espelho da sua lembrança.
É ainda jovem, selvagem, e seus passos a distanciam de mim,
Porque é enigma, seios feitos de nuvens, no amargor do que tento adivinhar!
Seus movimentos, onde mergulho, desabrocham as cinzas do que fui,
A verdadeira face repousada na repulsa.
Ainda é segredo a sua tarefa inocente,
Mas sua memória nada tem de ansiedade para sufocar.
A ventania acorda a sua alma, fantasiada de poesia, de melodias, de brisa.
O manto que cobre seu corpo muito me magoa,
Mas a habilidade que, estranha, você tem de iludir,
Constantemente deixa-me ver o suficiente.
Suas lágrimas desafiadoras claramente tocam o que flutua:
Meus dissabores capturados pelos seus carinhos descobrem árvores de amor.
Seu corpo molhado de febre torna-me mais paciente,
Pois imagens de sedução são mensagens avidamente desertas.
Tenho confiança em você, mas há limites, lapsos voadores que a tornaram imatura.
Suas nuances sempre martelaram o que sou, sedado na aparência,
Flutuante na escuridão... Respiração reconhecida por sussurros.
São verdes os sentidos... são vazios os perfumes...
A gota soprada no lume do outono traz o sono,
Abraçada, estremecida, sem forças, em conflito.
A recordação do lamento já é lucidez, não mais devaneios,
Nem trauma, nem vazia.
A recordação é desfolhada em sacrifícios de sua residência.
Resplandecida em silêncio, tem ainda capacidade de não cair em abismo,
Nem de guardar rancores, seja em qualquer linguagem.
Você se esconde na floresta, tomando forma de argila, descendo escadas,
No beijo que arrepia sob a chuva, na carícia de suaves vozes,
Que semeiam pensamentos nos perfumes.
A viagem para o campo ainda é flor,
É convivência no chão vazio do delírio.
Embora distante, o escuro traz a agonia da pastora,
Com suavidade nos lábios, nas palavras, nas conchas de outros delírios.
Os mares, nesse instante, cativam o que lhes pertencem,
Sejam os teclados dos amores, sejam as cores nas janelas,
Sejam todos os planetas perdidos.
Existem cochichos de pássaros, que adornam a graciosa mulher que dormia.
Seus olhos orvalhados pelo calor do seu rosto
Faz o impossível criar portas,
Vasculhando outros beijos,
Sentindo o afastar dos dedos, das estrelas, do cheiro, do sonhar.
Nesse momento, em segredo, a fogueira segue o seu destino.
Acreis, 22/11/2010 Sta Cruz.
Para Iolanda, somente.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Dona das coisas
"Você é a dona das coisas mais fugidias"
Você é a dona das coisas
De tudo que existe
Das ondas do mar
Da luz das estrelas
Dona de mim
Corpo e alma
Em toda a sua plenitude
Você é a dona das coisas mais fugidias
Daquelas que ninguém vê ou acredita
Dos meus pensamentos
Das minhas vontades
Das minhas iras e tormentos
Do meu sono e da minha vigília
Você é dona de mim
completamente.
completamente.
Acreis., p/ Iolanda, em 20/10/2010, às 8h50 -Madureira/RJ
sábado, 12 de maio de 2012
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
SEU BEIJO
"então te seguro pela nuca e você me beija demoradamente"
Hoje eu vou ficar em casa
haja o que houver
mas hoje eu vou ficar em casa
vou ligar para você
que virá
vestida de estudante
com as mãos abertas
tão aflita
e dirá assim:
"é hoje, mereço um beijo?
preciso de dinheiro amanhã..."
então te seguro pela nuca
e você me beija
demoradamente
e depois do silêncio da admiração
ficaremos assombrados
e beberemos canjirão
e leremos jornal
e dormiremos pelados.
Acreis, Sta Cruz/RJ
P/Iolanda, no Dia do Beijo
13/04/2011
"Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido."
-- Jean Rostand
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Gazel do Amor Desesperado (Lorca)
A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.
Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.
Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit'
Tradução de Oscar Mendes
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