terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Alma Penada


                         "Fale como se tivesse medo de mim.."



Me diga o que você é capaz de fazer,
fale para mim, baixinho.
Mas não deixe pra depois
esse feijão com arroz,
benzinho.
Fale como se tivesse
medo de mim,
como se quisesse
me assustar.
Fale de um jeito assim,
assim como se fala
sem querer falar.
Você pelada
é uma visão
estranhamente prazerosa;
mais que o dobro
de mulher alta, loura
e escandalosa.
Me olhe outra vez
com essa expressão
amedrontada,
para eu lembrar
dos nossos dias
felizes,
do meu peito
coberto de cicatrizes,
da sua alma penada.
O que está em jogo
aqui não é só
a família,
não é sua filha
nem o seu pai.
É mais do que isso,
é mais do que mais.
Então vamos viver,
de repente parecendo
ansiosos,
arrebatando nossas
almas dos destroços,
é pouco mas é o que posso
oferecer
para você.
Eu disse que iria te encontrar,
e pra te ajudar
segui o teu rastro,
farejando o teu rabo,
angu com quiabo...
Vou tirar o diabo
do teu corpo,
vou encher o teu copo
e deixar tudo pronto!
Ponto.


Acreis, 28/02/2012
Madureira/RJ

Sorte Minha Você Estar Por Perto Agora

"A vida é uma experiência..."

Estava prestes de tomar
a decisão de mandar
uma outra pessoa
arrancar meus braços
e meus olhos.
Foi bom você pensar
em outra alternativa.
Uma coisa é certa:
nós dois teremos que procurar
mais roupas
quando surgir nova chance.
É sério.
Você sabe que a distância
pode me machucar,
e, apaixonado,
você não iria me querer de volta.
A vida é uma experiência.
Sempre temos a sensação
de estarmos pulando
de telhado em telhado.
Vem, dê-me as mãos,
vire-se de costas
e prenda a respiração.
Pule. Vamos voar!
Simplesmente conhecemos
o caminho
e também somos convidados!

Acreis, 28/02/2012.
Madureira/RJ

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

REFLEXÕES SOBRE ALGO

                      "Tenho por costume ilustrar a existência do que é efêmero"


A autêntica imagem do que era uma exceção vincula-se sob suspeita.
Tenho por costume ilustrar a existência do que é efêmero,
Não de tudo que existe, mas daquilo se  expressa como virtude.
Se eu negasse o caráter afetuoso de qualquer encanto, seria o pioneiro nessa arte.
Mas há, sempre, algo de digno na prudência, em qualquer época,
Nas evocações das almas, nas incorporações das personagens, ou em simples gestos.
Sobremaneira, o que procuro aprimorar é o teor do que é valioso, como o clima de uma cena,
A forma como se escreve coisas íntimas, prestigiando o que não foi estimado,
Superando o que ainda não foi imaginado nem sabido.
Sempre, com vigor incomum, quem descreve algo deve despir-se das vicissitudes,
Transitando entre o verossímil e o encantado,
Desconhecendo o que sabe, ousando encantar-se, sem magoar o que se manifesta.
Não há fórmulas. O que há é a imorredoura paixão, esplêndida, presente sempre que é chamada,
Sem qualquer insistência, avaliando o momento do afeto, somente.
Tem ainda os rituais, de maneira tal que, agraciados, tornam-se verdadeiros,
Para revelarem vínculos sentimentais,
Incorporados a encantamentos.
Há diversas razões para se buscar o deleite:
Afugentar o que não se conduz, de fato; desfrutar o adequado e adequar-se ao estimado.


Acreis, 21/11/2010.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

SENTIDOS


" Amores, lábios, impossível não gostar...


Amores, lábios, impossível não gostar...
Carícias, novamente lábios molhados de chuva para beijar.
Vem a primavera aberta de flores,
Tocando sementes, cativando as cores...

O pensamento é qualquer destino,
Mas que tenha o perfume de arrazadora paixão.
Olhos, sorrisos, folhas para folhear,
Ventos para soprar,
Abraços para adornar...

A floresta, enfim, descobrindo seu manto,
Permite que a brisa toque suas melodias,
Em tom poético, sem pertencer a ninguém,
Nem a quem está perdidamente sozinho, sem forças,
Como eu agora, em devaneios.

Visto a fantasia da alma, escondendo meu rosto,
Pintado com as cinzas, mostrando outra face,
Para repousar em delírios o romance
Escrito nos teclados.
Mesmo distante de mim, distanciando as palavras,
Deixo aos pássaros meus passos,
E volto a existir em qualquer flor,
Mergulhado nos movimentos amargos
De quem, talvez, nem queira adivinhar.

Agora as nuvens, em forma de seios,
Tornam-se para mim  enigmas,
Pois afastam qualquer sonho,
Elas, as nuvens, sempre vazias.
Os dedos das estrelas deixam fugir o lume,
E elas, as estrelas, sozinhas, não chegam ao chão.
Precisam de beijos, do cheiro de qualquer momento,
Para que, em segredo, desabrochem nos mares.



Acreis, 19/11/2010, Sta Cruz 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os Derradeiros Momentos

                              "Eu fiquei sentado na escuridão a noite inteira.."


Lembro-me de você, agachada,
encarando meus olhos,
cheia de maldade.
Depois de pé, à porta.
Respiração ofegante,
e eu tentando correr.
Pensei que estivesse dormindo
ou morrido...
A sua voz:
- Estive seguindo você
a noite inteira!
Respondi:
- Eu fiquei sentado na escuridão
a noite inteira...
Sofri pelas almas perdidas
ao meu lado...
Mas você ficou calada.
Há muito tempo não atiro em ninguém.
Ainda estou estendido
protetoramente
em frente ao corpo seu.

Acreis, 02/02/2012, Sta Cruz/RJ

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