quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Poética (Vinícius de Moraes )




De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Beatles ----oh,darling



Oh, darling.
Please believe me.
I'll never do you no harm.
Believe me when I tell you,
I'll never do you no harm.

Oh, darling.
If you leave me,
I'll never make it alone.
Believe me when I beg you,
Don't ever leave me alone.

When you told me
You didn't need me anymore,
Well, you know, I nearly
Broke down and cried.
When you told me
You didn't need me anymore,
Well, you know, I nearly
Fell down and died.

Oh, darling.
If you leave me,
I'll never make it alone.
Believe me when I tell you,
I'll never do you no harm.

Believe me, darling.

When you told me
You didn't need me anymore,
Well, you know, I nearly
Broke down and cried.
When you told me
You didn't need me anymore,
Well, you know, I nearly
Fell down and died.

Oh, darling.
Please believe me.
I'll never let you down.

Oh, believe me, darling.

Believe me when I tell you,
I'll never do you no harm.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Tarde Quente

                                   "...de ficarmos à sombra de uma árvore..."


Foi numa tarde quente
que tivemos a sorte
de ficarmos à sombra de uma árvore,
embaixo de uma amendoeira.

A minha vontade era de deslizar
como um gato,
e, levando você,
sumir sem ser visto.

Peguei a mania de monologar,
simples jogo da minha imaginação,
uma brincadeira,
uma fantasia que me diverte.

De vez em quando resmungo palavras indistintas.
Tenho planos arriscados,
coisas de nada,
distração à toa 
 coisas que me interessam.
Não vou longe.
É ilusória minha ousadia.

Em ruas estreitas e escuras
passeiam prostitutas disfarçadas.
Penso sem querer que sou ex-soldado alemão
e lhe pego no colo,
sentindo seus nervos sensibilíssimos.

E você me olha com seus olhos estranhos,
querendo obter de mim juros de mais de mês,
de um amor que herdei dentro em pouco.


Acreis, 28/12/2010, Madureira/RJ





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Poética-Federico García Lorca



De viva voz a Gerardo Diego

Mas que vou dizer da Poesia? Que vou dizer dessas nuvens, desse céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da Poesia. Isso deixa-se aos críticos e professores. Mas nem tu nem eu nem nenhum poeta sabemos o que é a Poesia.
Aqui está: olha. Eu tenho o fogo em minhas mãos. Eu o entendo e trabalho com ele perfeitamente, mas não posso falar dele sem literatura. Eu compreendo todas as poéticas; poderia falar delas se não mudasse de opinião a cada cinco minutos. Não sei. Pode ser que algum dia eu goste muitíssimo da má poesia, como gosto (gostamos) hoje da má música com loucura. Queimarei o Partenão à noite, para começar a levantá-lo de manhã e não terminá-lo nunca.
Em minhas conferências, tenho falado às vezes da Poesia, mas da única coisa que não posso falar é da minha poesia. E não porque seja inconsciente do que faço. Ao contrário, se é verdade que sou poeta pela graça de Deus - ou do demônio -, também o é que o sou graças à técnica e ao esforço e de dar-me conta em absoluto do que é um poema.
Federico García Lorca

domingo, 7 de agosto de 2011

Poema Em Construção

"...E de sentir de perto o gostinho de ter acompanhado a obra!"

Já toquei a velha campainha sobre aquilo que falamos,
mas dessa vez você se fez senhora livre.
Ando com as mãos nos bolsos, de cabeça erguida,
pois a mim tanto se me dá seis como meia dúzia.

Assim foi. Vendi meu piano e liquidei as contas contigo.
O seu gosto moderno foi-se para o diabo!
E, em resposta, você diz que estou mais gordo e de melhor fisionomia.
No seu ardor, sua voz deixa sempre seus olhos mais acendidos.

Sempre a mesma coisa. Sem termo de comparação.
Tomo-lhe as mãos e as cubro de beijos,
Procurando-lhe arrancar palavras mais positivas.

Porque tenho por certeza lhe preparar melhor para mim
Como o arquiteto que trabalha o prédio,
E de sentir de perto o gostinho de ter acompanhado a obra!


Acreis, 26/12/2010, Sta Cruz (chez moi)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mozart no Céu - Manuel Bandeira


No dia 5 de Dezembro de 1791 Wolfgang Amadeus Mozart
entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sobre um mirabolante cavalo branco.

Os anjinhos atônitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.


Manuel Bandeira

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