quinta-feira, 31 de março de 2011

amor

A medida do amor é amar sem medida.
Victor Hugo pensador.info
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O amor é uma força, uma energia, que se manifesta
Na alma como um sentimento de lembrança de algo
Que a alma já teve, mas perdeu.

Platão

sexta-feira, 25 de março de 2011

PRESENÇA

                   "Revelaria a ausência da tua presença  !"


Teus gestos trazem à minha memória
Todos os personagens que já fui.
À época expressava meu amor por ti
Com muito mais bem-querença.
Éramos mais íntimos: tu valiosa; eu valioso.
Escrevo hoje como nunca, buscando
O antigo clima,
O antigo teor,
Fingindo aprimoramento...
Mas não há recíproca,
Nem de algo imaginado!
Ainda agora, para agrado pleno,
Eu penso assim:
Mais libidinagem, 
Desfrute do prazer,
Evocações da alma,
Para o íntimo esplendor...
Se eu negasse a existência da virtude,
A verdadeira virtude,
Incorporaria fenômenos imorredouros,
Insistiria no caráter aniquilador,
Revelaria a ausência da tua presença!
É por isso que careço em vincular-te sempre,
Mesmo sendo suspeito de estar sob teu encantamento.
Mesmo tentando afugentar o que sinto.
Mesmo querendo desconhecer o que conheci
No derradeiro aconchego,
Nas horas incomuns de nossos deleites.
Serás ainda bela e alegre?
Será que te adequaste ao novo amor?
Omito o que sei de mim,
Mesmo seguindo a vida com seus rituais,
Conduzindo a paixão avassaladora,
C
onsumida pelo sentimento cruel
Da  ausência tua.

Acreis, 20/11/2010, Sta Cruz 

Biografia resgata a verdadeira história de Cleópatra

terça-feira, 22 de março de 2011

IMAGENS DE UM SONHO


                             "Fico só, com minha loucura..."

Coração cigano, feito de vidro, desenhado com feridas.
Coração desnudo, que busca nas cartas o derradeiro silêncio.
A noite, serena, chega, como se estivesse afogada.
Chega na ternura de menina, que trás na mão um punhal,
Com um jeito diferente, diferentes idéias, mas chega.
Escondo meu travesseiro, não deixo espaço na cama,
Fico só, com minha loucura.
A amargura do ser é soprada nas paisagens,
Na invisível melodia que vem antes da aurora.
Não tenho medo, mas temo o seu corpo agora,
Principalmente nesta madrugada sem neve.
O barco, à deriva, perde-se nas espumas,
Nos sons das flautas, música qualquer que ouço,
Para acabar de vez por toda com a tristeza.
É triste ser triste. É como ser areia sem imagem,
Que se perde, lentamente, sem formas.
A hora da agonia ainda não chegou,
Mas as asas das montanhas deixam fugir a fumaça,
Que se tranforma em pedra,
No meu ou em outro verso qualquer.
As fotografias de minha infância
Estão ainda escuras, coladas nas páginas, estampadas
Nos frutos, na profundeza da tarde,
Em alguns cristais,
Mas estão lá, nas veredas, feito figurinhas jogadas nas águas.
Serpentes, sortilégios, poesias,
Tudo dormindo em um ninho só,
Aguardando o despertar da manhã.

Acreis, 19/11/2010, Sta Cruz (em minha casa).

segunda-feira, 21 de março de 2011

Resposta ao Tempo

Fugaz


Mal consigo escapar de seus braços
e caio, precipitadamente, neles,
como se recorresse aos tormentos do amor.
Na verdade, o amor nunca me poupou.
Amante ou amado, sou sempre infeliz.


O amor não cessa de me atormentar,
porque conheço o ardor das paixões,
e hoje, sob o domínio de seus olhos,
sofro novamente em seus braços,
à imagem do seu amor.


Em meio às suas torturas
lembro de minha vida escandalosa:
mulheres atirando-se sobre mim,
abraçando-me com efusão,
e, perturbado,
falo que a amo somente,
que estou apaixonado por você!


Acreis, 21/03/2011, Sta Cruz/RJ

sexta-feira, 18 de março de 2011

Semana de Poesia no Rio tem Elisa Lucinda e Chacal

A Secretaria Municipal de Cultura do Rio, através da sua Coordenação de Livro e Leitura, promove a IV Semana da Poesia – Rio. A maior parte das atividades é gratuita. São diversas ações pela cidade. No sábado, das 10h às 14h, destaque para a ação Dê um poema de presente da Biblioteca Volante com um dinamizador de leitura e o varal Véu de Poesia, um workshop com Rute Casoy. Na segunda-feira, Dia Mundial da Poesia, serão realizadas intervenções poéticas em cinco estações do metrô. Na Estação Nova América/Del Castilho, entre 16h e 18h, haverá recital poético com os poetas Claufe Rodrigues, Mano Melo e Mônica Montone; na Estação Cidade Nova, entre 16h e 18h, recital com o grupo Ponte de Versos; na Estação Central, entre 11h e 13h, estrela é Elisa Lucinda; na Estação Siqueira Campos, entre 15h e 17h, o grupo Poesia Simplesmente, e na Estação Carioca, entre 11h e 13h, o grupo Ellas e os Monstros. Neste mesmo dia, das 19h30 às 21h, um recital poético com Chacal & Convidados será realizado na Biblioteca Popular Municipal de Botafogo (Rua Farani, 53 – Botafogo). O evento comemora o Dia Nacional da Poesia, celebrado ontem, e o Dia Mundial da Poesia, proclamado pela Unesco no dia 21/03. O homenageado desta edição é Torquato Neto, poeta e letrista da Tropicália, e o letrista, dramaturgo e romancista Chico Buarque de Hollanda. Além dos saraus em espaços culturais, teatros, bares e livrarias, estão previstos lançamentos de livros e apresentações em escolas e ao ar livre. Confira a programação completa no site www.semanadapoesiario.blogspot.com

quinta-feira, 17 de março de 2011

A MENINA

"A menina desperta cedo demais para o seu corpo."



Sortilégios em desenhos de serpentes fatais,
A menina então nada vê, a não ser a mãe afogada,
Abraçada ao travesseiro.
A ternura das páginas de um livro, não um qualquer,
Mas do livro de fotografias, que a menina lê
Em silêncio.
As cartas deixadas sobre a mesa
Estampam ideias de cigano,
Não de um qualquer,
Mas de um cigano peregrino.
A menina desperta cedo demais para o seu corpo.
A sua figura se afigura a um punhal, que,
Cedo ou tarde,
Virará cristal, na paisagem sem fumaça nem madrugadas,
Mas tomará formas de neve, lentamente.
As asas da menina trazem imagens de santos,
Que incutem nos espaços
Diferentes águas.
Toda a amargura do mundo,
Mas também toda a calma,
Chegarão num sopro,
Na bruma escura da agonia.
A menina, a sua imagem, 
Caminha pelas veredas,
Buscando sons de flautas,
Espuma e areia.
Os frutos da tristeza, plantados por ela,
Vão invisíveis por sobre as montanhas,
Conforme aviões taciturnos,
Conforme a boca da noite
Que não cala esses versos.



Acreis, 18/11/2010, Sta Cruz./RJ

tô voltando

terça-feira, 15 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Jardim

                                     " iremos para onde lhe agradar "

Esmago flores que não vejo
errando pelo jardim
donde não me é permitido sair.
Trago comigo a febre
de um sarampo complicado
por uma catapora
que não tive na infância.
Você toma a minha mão e diz:
- Iremos para onde lhe agradar!
Sinto-me então criança dígna de lástima,
e choro pelas horas
abençoadas da minha juventude amorosa...
Não, esta noite não sofro,
pois voltarei atravessando as muralhas,
e, cedo ou tarde,
me lançarei contra seu peito,
e você saberá que não se entra assim
na vida de um homem.
O nosso amor é a única coisa
que vale a pena para nós neste momento,
neste minuto presente.
É doce repetir o seu nome
quando estamos ligados estreitamente pelo coração.
Basta o pensamento de que vivemos,
de que respiramos,
de adormecer à noite com a cabeça em seus braços,
e de acordar de manhã sobre o seu corpo jovem de bruma.
Ajoelho e deito minha boca em seu ventre,
e de repente tudo se endireita e floresce.

Acreis, 14/03/2011
Para Iolanda, minha.

domingo, 13 de março de 2011

Abertas as inscrições para o Prêmio Off-Flip

Todo homem é poeta quando está apaixonado.
Platão

Querida

"Mas, por enquanto, não chores..."


Tu, querida, não conheces a vida.
És um anjo cheio de paixões.
Tua mãe, morta de parto,
quando ainda eras de berço,
foi infeliz por própria culpa.
- Débil felicidade imprecisa!
Lembro-me de ti ainda jovem:
Odiavas a leitura e só gostavas
de coser, tagarelar e rir...
Pegues para mim a espingarda
de calibre 24,
aquela que não dá coice,
porque vou à caça.
E quando me apetecer,
quando não tiver nada de melhor,
volto para teus braços.
Mas, por enquanto, não chores,
pois sou eu quem vai buscar a samarra,
logo que o calor diminuir,
já que talvez não estejas em casa.
Do pé da janela
contemplo teu rosto e espero a tua carícia prometida.
Sou feliz por sofrer
por tua causa,
e amo a tua dor
como sinal do amor
que tens por mim.

Acreis, 13/03/2011, Bangu/RJ

sábado, 12 de março de 2011

Ferreira Gullar- PRIMEIROS ANOS


biografia

  
Para uma vida de merda
nasci em 1930
na rua dos prazeres
Nas tábuas velhas do assoalho
por onde me arrastei
conheci baratas, formigas carregando espadas
caranguejeiras
                     que nada me ensinaram
exceto o terror
Em frente ao muro negro no quintal
as galinhas ciscavam, o girassol
Gritava asfixiado
           longe longe do mar
           (longe do amor)
E no entanto o mar jazia perto
detrás de mirantes e palmeiras
embrulhado em seu barulho azul
E as tardes sonoras
rolavam
sobre nossos telhados
sobre nossas vidas .
Do meu quarto
ouvia o século XX
farfalhando nas árvores lá fora.
Depois me suspenderam pela gola
me esfregaram na lama
me chutaram os colhões
e me soltaram zonzo
em plena capital do país
sem ter sequer uma arma na mão.
(Buenos Aires, 1975)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fernando Pessoa




Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 7 de março de 2011

CANÇÃO DA PARADA DO LUCAS



MANUEL BANDEIRA

Parada do Lucas
- O trem não parou.


Ah, se o trem parasse
Minha alma incendida
Pediria à Noite
Dois seios intactos.


Parada do Lucas
- O trem não parou.


Ah, se o trem parasse
Eu iria aos mangues
Dormir na escureza
Das águas defuntas.


Parada do Lucas
- O trem não parou.


Nada aconteceu
Senão a lembrança
Do crime espantoso
Que o tempo engoliu.

domingo, 6 de março de 2011

O Quereres - Caetano Veloso



Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim

quarta-feira, 2 de março de 2011

Livra-me dos normais | Augusto Cury



Normais levantam, reclamam, vestem, irritam-se, xingam e
cumprimentam sempre da mesma forma.
Dão as mesmas respostas para os mesmos problemas.
Tem o mesmo humor no serviço e em casa.
Petrificam sorrisos no rosto, dão presentes sempre nas mesmas datas.
Enfim, tem uma vida estafante e previsível. Fonte para vazios e enfados.
Normais não surpreendem, não encantam.
Deus, livra-me dos normais.

terça-feira, 1 de março de 2011

À Beça

"E nada me interessa..."


Não sei rezar
Não sei pescar
Naõ sei fazer porra nenhuma


Eu sei dormir
Sei ficar à toa
Beber eu sei


Não vi nada
Nada vivi
E nada me interessa
Nem estes versos
Que me deixam tonto
À beça


Acreis, 01/03/2011, Madureira/RJ

Comunhão

"Num beijo inocente..."
                                                                                               
corro atrás de você chamando :
Espere, espere...
E um raio de luz, fragílimo,
Vem do pátio e faz seu rosto aparecer.
Ainda não sabe por que a chamo tanto,
Nem o prazer de contemplá-la dessa maneira.
- Quem é que te mandou?
- Foi sua irmã.
- Você gosta de mim?
- Mais do que de tudo!
E seu sorriso fica mais sério.
É quando você aproxima seu rosto
E oferece-me os lábios,
Num beijo inocente.
Seus braços, magros como dois palitos,
Enlaçam-me com força, sua cabeça pende sobre meus ombros,
apertando-me contra si, cada vez mais.
- E você, já sabe rezar?
- Há muito tempo!
"Senhor, perdoai o meu irmão, abençoai-o.
Perdoai o nosso pai e abençoai o nosso outro pai, amém."
E, afinal, que o diabo nos carregue, a todos!


acreis,01/03/2011-Madureira.rj

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