quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Henri Matisse


Matisse em 20 de Maio de 1933.
Nome completo Henri-Émile-Benoît Matisse
Nascimento 31 de Dezembro de 1869
Le Cateau-Cambrésis
Morte 3 de novembro de 1954 (84 anos)
Cimiez
Nacionalidade  França
Ocupação Pintor, desenhista e escultor

Fique Comigo (stand by me )

Quando a noite tiver chegado
E a terra estiver escura,
E a lua for a única luz que veremos,
Não, eu não terei medo
Não, eu não terei medo,
Da mesma maneira que quando você fica, fica comigo...

Então querida, querida, fique comigo
Oh, fique comigo
Oh fique, fique comigo, fique comigo...

Se o céu que vemos lá em cima
Desabasse e caísse
Ou as montanhas desmoronassem para o mar
Eu não choraria, eu não choraria,
Não, eu não derramaria uma lágrima,
Igual quando você fica, fica comigo...

Então querida, querida, fique comigo
Oh, fique comigo,
Whoa, fique agora, fique comigo, fique comigo...

Queria, querida fique comigo,
Oh fique comigo,
Oh fique agora, fique comigo, fique comigo.

Sempre que você estiver com problemas apenas fique comigo,
Oh fique comigo,
Whoa, fique agora, oh fique, fique comigo.


Anúncios Google

domingo, 19 de dezembro de 2010

O FALSO MENDIGO




Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
Quero fazer uma poesia.
Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
E me trazer muito devagarinho.
Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
Quero fazer uma poesia.
Se me telefonarem, só estou para Maria
Se for um trote, me chama depressa
Tenho um tédio enorme da vida.
Diz a Amélia para procurar a "Patética" no radio
Se houver um grande desastre vem logo contar
Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
Tenho um tédio enorme da vida.
Liga para vovó Nenem, pede a ela uma ideia bem inocente
Quero fazer uma grande poesia.
Quando meu pai chegar tragam-me logo os jornais da tarde
Se eu dormir, pelo amor de Deus, me acordem
Não quero perder nada na vida.
Fizeram bicos de rouxinol para o meu jantar?
Puseram no lugar meu cachimbo e meus poetas?
Tenho um tédio enorme da vida.
Minha mãe estou com vontade de chorar.
Estou com taquicardia, me da um remédio
Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
Já não me diz mais nada
Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
Quero morrer imediatamente.
Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
Não aguento mais ser censor.
Ah, pensa uma coisa, minha mãe, para distrair teu filho
Teu falso, teu miserável, teu sórdido filho
Que estala em força, sacrifício, violência, devotamento
Que podia britar pedra alegremente
Ser negociante cantando
Fazer advocacia com o sorriso exato
Se com isso não perdesse o que por fatalidade de amor
Saber ser o melhor, o mais doce e o mais eterno da tua
                                               [puríssima carícia.


VOLTA DE PASSEIO



Assassinado pelo céu,
entre as formas que vão até a serpente
e as formas que buscam o cristal,
deixarei crescer meus cabelos.

Com a árvore de cotos que não canta
e o menino com o branco rosto de ovo.

Com os animaizinhos de cabeça rota
e a água esfarrapada dos pés secos.

Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo
e borboleta afogada no tinteiro.

Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia.
Assassinado pelo céu!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Abstração Expressionista"

nº. 7 - 54x80 - acrílica s/ tela
Paulo Reis Artista Plástico

FÁBULA E RODA DOS TRÊS AMIGOS

 Federico Garcia Lorca



Henrique,
Emílio,
Lorenzo.
Estavam os três gelados:
Henrique pelo mundo das camas;
Emilio pelo mundo dos olhos e das feridas das mãos,
Lorenzo pelo mundo das universidades sem telhados.

Lorenzo,
Emilio,
Henrique.
Estavam os três queimados:
Lorenzo pelo mundo das folhas e das bolas de bilhar;
Emílio pelo mundo do sangue e dos alfinetes brancos;
Henrique pelo mundo dos mortos e dos jornais abandonados.

Lorenzo,
Emílio,
Henrique.
Estavam os três enterrados:
Lorenzo em um seio de Flora;
Emílio na hirta genebra que se esquece no copo;
Henrique na formiga, no mar e nos olhos vazios dos pássaros.

Lorenzo,
Emílio,
Henrique,
foram os três em minhas mãos
três montanhas chinesas,
três sombras de cavalo,
três paisagens de neve e uma cabana de açucenas
pelos pombais onde a lua pousa plana sob o galo.

Um
e um
e um.
Estavam os três mumificados,
com as moscas do inverno,
com os tinteiros que o cão urina e o vilão despreza,
com a brisa que gela o coração de todas as mães,
pelas brancas quedas de Júpiter onde os bêbados merendam a morte.

Três
e dois
e um.
Eu os vi perdidos chorando e cantando
por um ovo de galinha,
pela noite que mostrava seu esqueleto de tabaco,
por minha dor cheia de rostos e pungentes lascas da lua,
por minha alegria de rodas dentadas e látegos,
por meu peito turvado pelas pombas,
por minha morte deserta com um só passeador equivocado.

Eu havia matado a quinta lua
e bebiam água pelas fontes os leques e os aplausos,
Leite morno encerrado das recém-paridas
agitava as rosas com uma larga dor branca.

Henrique,
Emílio,
Lorenzo.
Diana é dura
mas às vezes tem as tetas nubladas.
Pode a pedra branca pulsar com o sangue do cervo
e o cervo pode sonhar pelos olhos de um cavalo.

Quando se fundiram as formas puras
sob o cri-cri das margaridas,
compreendi que haviam me assassinado.
Percorreram os cafés e os cemitérios e as igrejas,
abriram os tonéis e os armários,
destroçaram três esqueletos para arrancar seus dentes de ouro.
Já não me encontraram.
Não me encontraram?
Não. Não me encontraram.
Porém se soube que a sexta lua fugiu torrente acima,
e que o mar recordou de imediato
os nomes de todos os seus afogados.

Soneto da fidelidade



Soneto da fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.




Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.



E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama



Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.






http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Motivo




Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Florbela Espanca

"Amo-te tanto! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei, guardo os versos mais lindos que te fiz." (Florbela Espanca)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

(música de Fagner,sobre poesia de Florbela Espanca )

domingo, 5 de dezembro de 2010

FIQUE AO MEU LADO



===================================

Stand By Me (tradução)

Composição: Ben E. King

Quando a noite chega
E a terra está escura
E a lua é a única luz que nós veremos
Não, eu não terei medo, não, eu não terei medo
Apenas se você ficar ao meu lado, fique ao meu lado

E querida, querida, fique ao meu lado, oh agora agora fique ao meu lado
Fique ao meu lado, fique ao meu lado

Se o céu no que nós olhamos
Deva explodir e cair
E as montanhas devam se esmigalhar no mar
Eu não chorarei, eu não chorarei, não, eu não derramarei uma lágrima
Apenas se você ficar ao meu lado, fique ao meu lado

E querida, querida, fique ao meu lado, fique ao meu lado
Fique ao meu lado, fique ao meu lado, Fique ao me-eu lado, sim

Quando você estiver em perigo
agora, agora, fique ao meu lado
Oh fique ao meu lado, fique ao meu lado, fique ao meu lado

Querida, querida , fique ao meu lado, fique ao meu lado
Oh fique ao meu lado, fique ao meu lado fique ao meu lado.

ESTRELA

                                       "Mas a noite estava perfeita "

Eu amo tudo sobre você.
Eu amo a sua luz,
A intensidade dela.
Eu amo a sua sinceridade.
Você pode cuidar de mim
Do que eu jamais poderia.


Uma estrela estava morrendo
E eu nada podia fazer...
Mas a noite estava perfeita!
Você tirou um feixe de luz dos seus olhos
E  deu para ela colocá-lo nos dela.

Acreis, 05/12/2010  Sta Cruz/RJ
Para Iolanda, avec amour.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tudo são maneiras de ver

Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

Fernando Pessoa


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

TEUS OLHOS

                                 "teus olhos de sol e estrelas...." 


Vejo teus olhos me olharem,
pilhas e mais pilhas deles chegando.
Sinto teus olhos em volta de mim,
e fico feliz de saber o porquê.
Queria mais tempo, o tempo que fosse p'ra sempre,
e fazer o que quero fazer.
Eu conto os minutos através dos teus olhos
e penso até que tivesse morrido...
A minha história eu nunca contei,
por isso eu vivo escondido nas neves,
esperando uma chance para correr.
Vou mais profundo do que eu queria,
além das quatro linhas da tua mão,
e descubro então que estou envolvido
a ponto de não te dizer a verdade,
e vejo meu rosto em outro reflexo,
como eu não jamais tinha visto.
Isso eu já percebi,
o jeito que tu olhas p'ra mim.
Teus olhos chegando avermelhados,
felizes e tristes e com aflição.
Tudo que tenho dito pesou um bocado
e o que omiti venceu a batalha,
a tua maneira de ser,
o teu jeito de me abraçar,
não me é tão bom o quanto eu pensava.
Quero saber mais sobre as flores
que tu levas dentro dos olhos,
teus olhos brilhantes,
teus olhos de sol e estrelas.
Teus olhos passarinhos.
Teus olhos que olham p'ra mim.

Acreis, 03/12/2010, Madureira/RJ
Para meu amor, Iolanda.
“Os olhos já não podem ver coisas que só o coração pode entender. Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho.” (V. Moraes)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

NOITE

                                  "O ar fresco parece o paraíso "

O mesmo bilhete escrito com tanta intensidade,
demasiada ternura encheu minha mente.
As batidas do meu coração são acompanhadas
por uma sensação de querer
ser o que não fui passei a ser
através de seus lábios,
embora o coração não batesse rápido o bastante.

Tenho sonhado com escuro
e por estar tão perto e tão quente demais
acordo suando quase toda a água do corpo.

O ar fresco parece o paraíso
que a sacola fica leve
e um gosto de chocolate escapa de minha boca.
Olho o chão quase tropeçando
mas não deixo a esperança tão fechada
que não seja difícil de destrancar.

Ainda preciso falar com você,
é que estou sozinho faz muito tempo
e essa estupidez me surpreende
de não ter beijado você demasiadamente.

Há um gosto de terra em minha boca,
talvez seja por isso,
mas não quero que nada me denuncie...
Prometa só uma coisa:
fica aí parada que chego num instantinho...
Minhas mãos serão suaves,
meus beijos serão suaves e quentes,
mesmo com as noites quentes do deserto.

Acreis, 30/11/2010  Santa Cruz/RJ
Para Iolanda.                


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

TRAGÉDIA BRASILEIRA

                                                                         Manuel Bandeira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,

Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e o dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.

Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez
nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.

Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.

Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos,
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua
Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato,
Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de
inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em
decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

domingo, 28 de novembro de 2010

Poética



Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.



Manuel Bandeira

sábado, 27 de novembro de 2010

TEUS BEIJOS

                        "A floresta que nos esconde..."  



Teu rosto traz o calor dos meus passos, apressados,
Como se fossem eles, os passos, susurros.
É verde a esperança!
São sinceras as minhas palavras!
Tento afastar teu semblante de mim, mas não consigo...
Meus movimentos só me levam a ti.
Nosso romance começou há um dia,
Feito delírio que vai tomando o ser, gota por gota!
Mergulho então nos teus beijos,
Segurando-te pelos dedos,
Sem deixar tua vida vazia de mim.
A floresta que nos esconde
É o manto com que dormimos,
Basta tocar as nuvens
Que estarei tocando teus seios.
Meu delírio lembra os pássaros
Que voam para as janelas abertas de nossas almas!
                                                                                       

Acreis, 27/11/2010
P/ Iolanda, avec amour.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VENHA ME VER O MAIS RÁPIDO QUE PUDER!

"Embora moremos em mundos diferentes.."


 
 
Somos intimamente ligados: corpo e alma,
Embora moremos em mundos diferentes
E falemos dialetos estranhos.
Nas cavernas foram escritos poemas de nosso amor
E me lembro dos seguintes trechos:
"Eu te amo em culto imoral..."
"O seu corpo vejo no céu, ao lado do sol,
Da lua, das estrelas e dos planetas..."
"Extraio do teu corpo o suor para a preparação de perfumes..."

Você é minha prisioneira de guerra,
Aquela que desde os tempos antigos
Foi a mais linda concubina.
Misturava na boca mirra e vinho,
Dando-me de beber,
Ungindo meu corpo com sua saliva.

A hora de amar já chegou,
Por isso persigo você à minha maneira,
Pois o meu propósito é tê-la para sempre em minha vida.
O meu amor é paciente, perseverante e sem sofrimento.
Você sabe tudo de mim,
E foi assim que aconteceu.
 

Acreis, 25/11/2010, Madureira/RJ
P/ Iolanda, com amor.

O VIOLONCELISTA (Paulo Reis )

 
Artista Plástico Modalidades-: Pintura e Escultura -Técnicas: - Acrílica sobre Tela- Óleo sobre Tela- Escultura e Entalhe sobre Madeira a Base de Acrílica -Cidade Natal: Carangola - MG.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Presença Última

                                     "para o  último abraço da sua presença.

É verdade.
Quis aniquilar nossa amizade,
Mas a libidinagem não deu espaços.
A verdadeira paixão não é mais algo imaginado...
Eu penso assim: existe o amor que nos direciona,
Que faz a vontade se tornar recíproca,
Insistindo em ser autêntica,
Criando vínculo, sem exceção.
Reuni o que sempre omiti em fórmulas de bem-querença,
Atribuindo à fórmula expressa qualquer aconchego.
De fato, conduzo a virtude das coisas de modo a adequá-las
A sua presença, sempre bela e alegre.
Fenômeno forte é o sentimento, que traz o agrado pleno,
Que adere as virtudes em desfrute de prazer...
Incomuns e denominadas, que transitam, suportando a derradeira acuidade,
São as paixões!
Nos gestos obcenos de minha memória a virtude ainda é estimada..
Nem por isso careço em ordenar os percalços sem prudência.
Reivindicarei, de que maneira for, os caprichos da sorte,
Para desfrutar deleites e afugentar razões diversas.
Incorporarei o encantamento do esplendor,
Vincularei revelações,
Para o último abraço da sua presença.

Acreis, 23/11/2010, Sta Cruz/RJ
Para o meu amor, Iolanda.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

RESPLANDECER

                          "Entram na lucidez dos meus sonhos..."

Querida, a nossa viagem pelos campos será no tempo da flor.
E quero ver no seu rosto da primavera o frescor.
Orvalhos da madrugada chegam, mas você ainda dorme,
Graciosa, com apenas o lençol a seu corpo adornar.
Pássaros assoviam cochichos que trocamos ontem,
Pois existem coisas não ditas, e, para não ficarem perdidas,
Entram na lucidez dos meus sonhos.
Em todos os planetas que moramos, as cores nasciam em nossas janelas.
Amores lembrados em teclados cativavam-nos e nos pertenciam.
Instantes vividos em terras e mares, em todo lugar,
E por que não dizer em todo o delírio?
Sim! Conchas achadas n'areia formavam palavras serenas,
Enquanto seus lábios se ofereciam suavemente.
Mas, a indesejada chegou, e, como pastora, segurando seus braços,
Distanciou-nos tanto que da agonia do escuro nasceu o abismo.
Vazias ficaram as horas, e caídas no chão as estrelas,
Que não se deram conta ainda da inconvivência.
Os ventos trazem o seu perfume a meu pensamento,
Semeando lembranças de vozes suaves,
Das carícias nos dias de chuvas,
Dos beijos que davam arrepios...
Da primavera!
Não vivo mais em conflitos, nem em  florestas de argila,`
Pois encontrei as escadas e as portas do nosso possível romance.

Acreis, 22/11/2010, Sta Cruz (chez ma mère).
Para, sempre, Iolanda.

domingo, 21 de novembro de 2010

Fala sério

Lima Barreto

Eis algumas de suas frases
“as glórias das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente; nelas, como no amor, só é amado quem se esquece de si inteiramente e se entrega com fé cega” (Os bruzundangas).
“Só o álcool me dá prazer e me tenta… Oh! Meu Deus! Onde irei parar?” (Diário íntimo).
“(…) a arte literária se apresenta como um verdadeiro poder de contágio que a faz facilmente passar de simples capricho individual, para traço de união, em força de ligação entre os homens (…) a literatura reforça o nosso natural sentimento de solidariedade com os nossos semelhantes” (em um ensaio sobre o seu ponto de vista sobre a função da literatura).
“Não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade. De resto, acresce que nada sei de história social, política e intelectual do país; que nada sei de geografia; que nada entendo de ciências sociais (…) vou dar um excelente deputado”.
“Em vários tempos e lugares, a loucura foi considerada sagrada, e deve haver razão nisso no sentimento que se apodera de nós quando, ao vermos um louco desarrazoar, pensamos logo que já não é êle quem fala, é alguém, alguém que vê por êle, interpreta as coisas por ele, está atrás dêle, invisível!…” (Triste fim de Policarpo Quaresma).
“Quem tem inimigos deve ter também bons amigos” (Triste fim de Policarpo Quaresma).
“o ensino superior fascina todos (…) Os seus títulos, como sabeis, dão tantos privilégios, tantas regalias, que pobres e ricos correm para ele. Mas são só três espécies que suscitam esse entusiasmo: o de médico, o de advogado e o de engenheiro…” (Os bruzundangas).

JOVEM MENINA

A JOVEM MENINA



Toda a suavidade fascina
O que claramente dormia.
Ela, a menina no campo,
Graciosa e desafiadora, surge em imagem
Entre os cochichos das flores,
Para, na agonia das lágrimas,
Recordar todos os lamentos.
A lucidez resplandece todo o silêncio
Das mensagens, a menina então insiste em seduzir,
Pacientemente, o som de uma concha.
Acorda, então, estreitando as ventanias,
Ansiosa e sufocada, em um planeta cinza,
Selvagem, em sua memória surrealista.
A inocente jovem, que procura lembranças
Nos espelhos de seus olhos,
No vermelho de seu sangue,
Na estranheza de sua origem,
Suavemente mostra sua halidade
De curandeira, quando, de forma estranha,
Delineia no céu os percalços da vida.

Acreis, 21/11/2010, Madureira/RJ
Para Iolanda, com amor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Modelo dadaísta :

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dadaismo

"''Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso." Tristan Tzara

Como você pode notar pelo trecho acima, o impacto causado pelo Dadaísmo justifica-se plenamente pela atmosfera de confusão e desafio à lógica por ele desencadeado. Tzara opta por expressar de modo inconfundível suas opiniões acerca da arte oficial, e também das próprias vanguardas("sou por princípio contra o manifestos, como sou também contra princípios"). Dada vem para abolir de vez a lógica, a organização, a postura racional, trazendo para arte um caráter de espontaneísmo e gratuidade total. A falta de sentido, aliás presente no nome escolhido para a vanguarda. Segundo o próprio Tzara:

"Dada não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a idéia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano." Tristan Tzara

O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, segundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as outras afirmações retumbantes, Tzara decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".

No seu esforço para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com freqüência, métodos deliberadamente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito aproveitar pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.

Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incompreensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para fazer um poema dadaísta:

* Pegue um jornal.
* Pegue a tesoura.
* Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
* Recorte o artigo.
* Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
* Agite suavemente.
* Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
* Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
* O poema se parecerá com você.
* E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos nossos olhos modernos, precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.

Yolanda (em português )

Iolanda


Pablo Milanés
Composição: Pablo Milanés / Silvio Rodriguez

Esto no puede ser no mas que una cancion
Quisiera fuera una declaracion de amor
Romantica sin reparar en formas tales
Que ponga freno a lo que siento ahora a raudales
Te amo
Te amo
Eternamente te amo
Si me faltaras no voy a morirme
Si he de morir quiero que sea contigo
Mi soledad se siente acompañada
Por eso a veces se que necesito
Tu mano
Tu mano
Eternamente tu mano
Cuando te vi sabia que era cierto
Este temor de hallarme descubierto
Tu me desnudas con siete razones
Me abres el pecho siempre que me colmas
De amores
De amores
Eternamente de amores
Si alguna vez me siento derrotado
Renuncio a ver el sol cada mañana
Rezando el credo que me has enseñado
Miro tu cara y digo en la ventana
Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O PERFUME DAS COISAS

                "É impossível que meus olhos esqueçam-se das flores!"                  
            
               
                   As folhas deixam no ar o perfume
                   Preenchendo o vazio do nada,
                   Para adorar os amores,
                   Dar forças aos sentidos,
                   Tocando de leve a face carinhosa das cores.

                    O amargor desaparece, em segredo,
                    Fazendo surgir sorrisos,
                    Feito carícia cativante de um mar
                    Quando se encontra com a chuva.

                    É impossível que meus olhos esqueçam-se das flores!
                    Flores que desabrocham, lembrando-me seus lábios.
                    É momento de abraçar estrelas
                    E tê-las como se estivessem no chão.

                    Mas as horas vazias chegam
                    E novamente seus beijos, achando-me sozinho,
                    Invadem minha vida,
                    Transbordando-a de primavera.

                    A brisa da manhã cinzenta vem repleta de amores!
                    E meu pensamento undívago é agora pura paixão.
                    Semeio tons e semi-tons sobre o eterno outono,
                    Molhando melodias que nascem das árvores,
                    Num profundo sono que já vai distante.

                     O vento sopra somente para adornar
                     Aquilo se achava perdido, sem pertencer a ninguém,
                     Descrobrindo sonhos, cobrindo com seu cheiro bom
                     O que me resta agora de destino.


                     Acreis, 18/11/2010  Sta Cruz/RJ


                      Para Iolanda, com carinho.

Poemas

                        
                         " Para que a vida não perca o seu encanto ".



Sempre busco a quem me ama
E me tem afeto
Para que a vida não perca
O seu encanto.

A.C., 05/11/2010-Madureira/RJ
Para meu amor Iolanda.

Fernando Pessoa

Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. Fernando Pessoa

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

BÚZIO






 Trouxeram-me um búzio.

Dentro dele canta
um mar de mapa.
Meu coração enche-se de água
com peixinhos
de sombra e prata.

Trouxeram-me um búzio. 




Federico Garcia Lorca

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Andaluz

O poeta andaluz
é refletido
na face
oposta
da transparência
do  céu.
Realça com sílabas
a dúvida da vida
em gestação
de linhas
fosforecentes.


lcpc                   16/11/2010

Poema do beco



Que importa a paisagem, a Glória, a baía
a linha do horizonte?
-O que vejo é o beco.
Manuel Bandeira

Eça

O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se concretizam.

Eça de Queiroz

O BICHO

VI ONTEM um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...